O Rei Está Nu

10/07/2010.

 

 

Apesar de todo o esforço dedicado nos últimos oito anos em transformar Lula no “Cara”, os últimos dois anos, um ego incomensurável e uma verborragia crônica, acabaram por demonstrar, finalmente, que o rei está nu.

 

Numa análise eminentemente cronológica observaremos que os primeiros graves sintomas se iniciaram de fato durante os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, em 2007. Após as estrepitosas vaias recebidas no Maracanã durante a cerimônia de abertura dos jogos, o governo de Lula deportou para Cuba os pugilistas Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que haviam abandonado da equipe cubana, apenas 48 horas após sua prisão pela Polícia Federal. Na ocasião, o Ministro da Justiça, Tarso Genro, explicou que os dois queriam voltar para a ilha e que governo de Fidel Castro havia prometido não puni-los. As duas afirmações eram falsas, como comprova a nova fuga dos pugilistas, em 2008, que foram para Miami, nos Estados Unidos, onde estão na condição de refugiados.

 

Apesar desse triste episódio, a fama de estadista do cefalópode presidencial manteve-se o que fez com que “o Cara” se convencesse definitivamente de sua liderança inconteste. Calcado nesse convencimento Lula iniciou uma série crescente de “equívocos”, que acabaram por desnudar totalmente sua farsa política.

 

A situação em Honduras se agravou a partir de março de 2009, quando o presidente Manuel Zelaya apresentou uma proposta para realizar um plebiscito sobre a criação de uma assembléia constituinte que permitisse a reeleição presidencial. O plano do presidente foi considerado ilegal pelo Congresso e pela Justiça. Em total desobediência Manuel Zelaya instou seus correligionários a retirar, à força, as urnas, que deveriam ser utilizadas no referendum e que se encontravam retidas em uma base militar, o que ocasionou a 28/06/2009, em sua deposição, pelo exército, para o cumprimento das determinações legais.

 

Em 21 de setembro de 2009 Zelaya retornou a Honduras escondido, refugiando-se na embaixada brasileira desse país. A diplomacia brasileira, num gesto inaudito e na contramão de suas tradições, decidiu intervir diretamente na situação de Honduras, numa agressão à soberania do país, em desrespeito às suas instituições, bem como às leis internacionais e numa inequívoca subserviência ao expansionismo chavista na região. Após quatro meses de profundo desgaste da imagem brasileira, Zelaya deixou Tegucigalpa seguindo para o exílio em Santo Domingo.

 

Até hoje a diplomacia brasileira não reconhece o governo do presidente hondurenho Porfírio "Pepe" Lobo, eleito em novembro de 2009 em eleições livres e diretas a pretexto de que não o fará até que o governo de Honduras permita o retorno ao país de Manuel Zelaya em mais uma tentativa flagrante de intervenção nos negócios internos de outro país.

 

Em 23 de fevereiro de 2010 o dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo morre após 82 dias de greve de fome. Coincidentemente no mesmo dia Lula chegou a Havana para mais uma visita oficial à Ilha dos irmãos Castro. Dois dias antes, 50 presos políticos cubanos, membros do grupo de 75 condenados em 2003, pediram em uma carta divulgada em Havana que o presidente Lula intercedesse por sua libertação durante a visita. Eles também tinham solicitado ao presidente que intercedesse por Zapata, considerado um preso de consciência pela Anistia Internacional, e alertado que o estado de saúde dele era grave. O presidente brasileiro, entretanto, alegou não haver recebido nenhuma solicitação para intervir a favor do dissidente.

Irritado com a repercussão internacional de sua atitude omissa o presidente brasileiro pediu à imprensa respeito às decisões da justiça cubana e comparou os dissidentes cubanos aos criminosos de São Paulo. Lula disse ainda à imprensa: ― "Não podemos julgar um país ou a atividade de um governante em função da atitude de um cidadão que decide fazer uma greve de fome".

 

Após haver recebido em Brasília, em novembro de 2009, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, onde Lula disse que o Brasil reconhece o direito do Irã a desenvolver um programa nuclear para fins pacíficos e se recusou criticar a situação dos direitos humanos naquele país, o que gerou forte repercussão na imprensa mundial, Lula decidiu retribuir a visita e em 16 de maio de 2010 visitou o Irã onde, juntamente com o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, assinou com Ahmadinejad um acordo visando a crise nuclear iraniana.

 

O acordo que estabelece, entre outras coisas que o urânio do Irã, levemente enriquecido, seja enviado ao território turco e, em troca, o país receba o produto enriquecido a 20%. Após a assinatura do acordo o Chanceler brasileiro Celso Amorim declarou que o acordo “fecha o caminho para a possibilidade que a comunidade internacional imponha novas sanções ao regime iraniano”. 

 

As sanções acabaram afinal por ser aprovadas em 09/06/2010, pelo Conselho de Segurança da ONU apesar das novas declarações de Celso Amorim de que “se o acordo assinado com o Irã fosse ignorado pelo Conselho de Segurança, o governo brasileiro iria reagir” e de Marco Aurélio “top top” Garcia dizendo que se as sanções viessem “os Estados Unidos iriam se dar mal” e ninguém deu a menor importância a essas ameaças.

 

Em 5 de julho visitou a Guiné Equatorial do sanguinário ditador Obiang Nguema Mbasogo, há 31 anos no poder e considerado pela revista Forbes como um dos presidentes mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 600 milhões.

 

Mais uma vez o Chanceler Amorim classificou de “moralistas” as referências aos crimes contra os direitos humanos atribuídos ao governo do ditador Mbasogo, dizendo que: “negócios são negócios”.

 

Não bastasse, em crescente esforço de desnudar-se frente a opinião mundial, dois dias depois, em 8 de julho, descontente com a desclassificação do Brasil na Copa do Mundo, Lula cancelou sua presença, anteriormente confirmada, à final da Copa do Mundo em Johanesburgo, entre a Espanha e a Holanda, em claro desrespeito às relações internacionais e demonstrando mais uma vez, sua incrível tendência em confundir o público com o privado. No mesmo dia a diplomacia espanhola agia com sucesso nas negociações para a libertação de presos políticos em Cuba, os mesmo que Lula havia comparado a criminosos comuns.

 

Apesar dos inéditos 75% de aceitação popular de seu governo, Lula tem feito um enorme esforço para colocar sua imagem à altura de sua biografia, um populista sem escrúpulos, que se utiliza de quaisquer meios para manter-se no poder e que se vangloria de ser um “ignorante de nascença”.