Reforma Política

04/12/2005

 

 

Durante a semana em que uma das maiores crises político-moral da pobre história republicana brasileira, o famigerado “Mensalão”, culminou com a cassação do ex-homem forte do partido no poder, o Sr. José Dirceu, os próceres dos outros três maiores partidos nacionais, o PMDB, o PSDB e o PFL, traíram seus eleitores com a maior sem-cerimônia, como só políticos sem temores, com impunidade eleitoral podem proceder.

 

Ainda vivendo a incrível demonstração de incapacidade de implementar um programa efetivo de Segurança Pública, como está sendo demonstrado através da inominável chacina do ônibus da linha 350, Dna. Rosinha Garotinho (isso lá é nome para ser levado a sério?), fantoche político de seu marido e virtual candidato à presidência da república pelo PMDB, licencia-se abandonando seus governados (???), à sanha de marginais sanguinários e de um vice-governador omisso e incapaz, numa manifestação de desinteresse criminoso.

 

Simultaneamente os Srs. José Serra e César Maia, prefeitos recém eleitos das duas maiores cidades do país, traem suas promessas, seus vultuosos investimentos, morais e financeiros, para se elegerem, firmando um “pacto de não agressão” para o próximo pleito presidencial, desrespeitando o eleitorado e privando o país de uma eventual experiência com o Sr. Alckimin, ou Alquieu como queiram, que se não melhor, ainda com lambanças menos conhecidas.

 

José Serra que prometeu, jurou mesmo, não pretender a prefeitura de São Paulo como mero trampolim para uma vingança político-pessoal contra o Sr. Luís Inácio Lula da Silva (meu Deus cada nome! Assim o país não pode mesmo resistir), na primeira oportunidade desdiz-se, abandonando os eleitores que lhe confiaram um mandato com um fim específico, governar a maior cidade do Brasil, como se o voto popular fosse algo descartável como o papel higiênico, usado apenas para limpar aquilo que suas atitudes políticas deixam pela história.

 

O Sr. César Maia, que está comprometendo irremediavelmente sua biografia política com suas atitudes à frente da prefeitura do Rio de Janeiro, promovendo um verdadeiro genocídio da população mais carente. Sim, pois não conseguimos encontrar outro nome para os crimes desse senhor no comando da Saúde Pública da “Cidade Maravilhosa”, e isso em nome de uma ambição presidencial, atitude essa, aliás, adotada já no dia seguinte à sua eleição como prefeito, com o maior descompromisso para com aqueles que o elegeram.

 

Todas estas infelizes atitudes, por parte dos líderes dos principais partidos nacionais, fazem com que voltemos pensamentos e desejos para nossos representantes no Congresso Nacional, na esperança de que a prometida e decantada “Reforma Política”, saia do campo das promessas para se tornar uma realidade moralizadora.

 

Entretanto, as notícias que acorrem do planalto não são tranqüilizadoras, nossos políticos, mais uma vez, não estão preocupados em sanear a vida pública nacional, mas sim, aproveitando o momento propício, estão cozinhando uma série de medidas, meramente pontuais, que beneficiam apenas os seus mais espúrios e imediatos interesses.

 

Pobre nação brasileira, cujos bandidos têm nome de “Lorde” e matam inocentes trabalhadores, seus iguais sócio-economicamente falando, a fim de se vingarem de policiais corruptos. Corruptos em virtude da impunidade que lhes garantem seus líderes. Líderes esses, que tratam com tamanho desprezo e descaso seus representados, com a certeza de uma imunidade eleitoral, garantida por uma legislação podre, feita sobre-medida, por aqueles que apenas querem se perpetuar no poder, sem o menor compromisso e consideração pelas milhares de vítimas que fazem por esse caminho tenebroso que trilham.

 

Infelizmente há momentos em que o desânimo se abate, pois não vemos saída à vista. Em apenas um final de semana, os maiores líderes dos quatro principais partidos nacionais, chafurdaram na lama com a maior sem-cerimônia, como só os suínos sabem demonstrar.

 

68-114 Brasil
Abel Brasil Pedro - Asp. Of. Av. R2