Meu Filho

19/12/2005

 

 

Hoje você está encerrando mais uma etapa de sua jovem existência, pode-se dizer até, que hoje está acabando, quase que oficialmente, sua infância e adolescência. Não quero dizer com isso que eu creia que em determinados momentos o ser humano sofra uma metamorfose imediata, ascendendo a outro nível de sua existência. Claro que sei que todo amadurecer é um processo acumulativo, cada dia adicionando alguma experiência vivencial, modificando-nos, transformando-nos. Porém o ser humano criou alguns rituais de passagem, como que para frisar, de forma indelével, determinadas transições e esse momento que você está vivendo é um deles, um dos mais marcantes.

 

De agora em diante as coisas serão, infelizmente, muito mais sérias, muito mais duras para você. Digo infelizmente talvez movido por esse meu egoísmo crônico, pois sinto uma falta incrível do meu neném, que você já foi um dia.

 

Mas deixemos de pieguices, pois não é esse o motivo desse texto. O que estou tentando expressar por escrito, é algo que, segundo sua mãe, tenho uma tremenda dificuldade de fazê-lo, naturalmente, no dia-a-dia. Gostaria que você soubesse, meu filho, do enorme orgulho que eu sinto por você, por sua inteligência, por sua sensibilidade, companheirismo para com os amigos, retidão de conduta, curiosidade científica, bem é melhor eu ir parando por aqui, pois além de acabar deixando você ficar todo mascarado, poderei ser acusado, injustamente de “corujisse”.

 

Gostaria também de pedir-lhe perdão por ser tão rabugento, dando por vezes a impressão de só dar atenção a seus defeitos, não notando suas virtudes. Mas, creio até que já lhe falei sobre isso, a razão para essa atitude é o medo de errar em sua criação, como já disse certa vez: ― “filhos não vem com manual do proprietário”; isso torna o ato de educá-los num processo doloroso em razão do medo de errar. E não se engane meu filho, nesse campo, se eu errar você paga e a vida é dura em cobrar.

 

Desculpe-me também o descuido que  tive, tanto com as finanças, quanto com a saúde, tornando o final de sua adolescência uma experiência muito mais dura do que eu gostaria de haver proporcionado. É que estive tão envolvido com a vida que me esqueci de que sempre existe o amanhã, e ele depende sempre do que fizermos hoje.

 

Mais uma vez parabéns meu filho. Rogo a Deus que ele conserve ou polarize suas virtudes, dano-lhe uma vida digna e honrada como você merece.

 

Um beijão Gabico

 

Papai