Esse artigo tem como objetivo a
cobertura jornalística dessa efeméride que foi o casamento de nosso
colega 68-271 Eugênio Mattar no dia 19 de junho passado. Digo
efeméride, porque no atual estágio de nossas vidas encarar um
casamento é, no mínimo, um ato de extrema coragem, além do fato de que
a cerimônia em si e a comemoração, dela decorrente, foram, de fato,
muito impressionantes.
Para essa cobertura jornalística, esse
ignóbil pasquim enviou dois colegas de 68, o Brasil e o Werneck, com
a missão de relatar os fatos mais marcantes, porém, pobre escolha,
os dois, além de péssimos jornalistas, abarrotaram BH de "fonsecadas",
desde sua chegada, até praticamente o último minuto de permanência.
Porém deixemos de tergiversar e vamos logo aos fatos que é o que
interessa. Logo na chegada a Belo Horizonte, os colegas foram
surpreendidos com mais uma das costumeiras gentilezas do Mattar, à
sua espera, como cortesia, havia um carro com motorista. Como
“exímios conhecedores” que são da capital mineira, logo trataram de
dispensar o motorista, alegando à simpática recepcionista da
Localiza, de que bastava, tão somente, uma pequena explicação de
como deveriam eles chegar ao hotel. A jovem, muito prestativa, não
apenas explicou-lhes como chegar, como até marcou, com caneta
fluorescente, em um mapa da cidade, o caminho a ser seguido para
chegarem à rua Piauí (atenção para esse detalhe).
Munidos das explicações e do mapa,
declinaram mais uma vez da cortesia do motorista e lá saíram
lampeiros e fagueiros pelas ruas de Belo Horizonte, confiantes como
se tivessem dando umas voltinhas no quarteirão de casa. Após muitas
peripécias, entre elas o fato de pegar um viaduto errado, viaduto
esse que os levaria a Contagem, conseguem os intrépidos aventureiros
encontrar a rua Piauí, mas então, qual não é a decepção, a
rua não apenas é contra mão, como também é interrompida, no meio,
por um posto de gasolina. Em virtude dos obstáculos apresentados
foram obrigados a dar mais algumas voltas, perdendo-se a cada uma
delas, mas finalmente estavam na malfadada rua Piauí. Sobem e
descem, e nada de encontrar o hotel, eis quando e tão somente após
toda essa aventura, têm a idéia de olhar no endereço, que traziam no
bolso, para confirmar a localização do hotel.Qual não foi a surpresa ao constatarem
que o hotel, não ficava na rua Piauí, mas sim na rua Paraíba. Tá certo que os dois estados em questão localizam-se no
nordeste brasileiro e que ambos iniciam com a letra P, mas caramba
do Piauí à Paraíba há uma enorme distância, não apenas entre os dois
estados, mas também entre as duas ruas em BH, principalmente para
quem não conhece a cidade.
Estupefatos,
quedam-se parados, no meio da rua, atrapalhando o tráfego e
recebendo alguns elogios às
suas mães, por partes dos habitantes
locais, buscando, no mapa da cidade, a localização da rua Paraíba, que
até, devemos confessar, não fica tão distante, pelo mapa, do ponto
onde estavam, haveriam só que retomar e dar mais umas trocentas voltas
e estariam na segurança do hotel.
Aqui, porém cabe um pequeno parêntesis,
qualquer um que olhar o mapa da cidade de Belo Horizonte, irá perceber
que as duas ruas, na realidade, não ficam muito distante uma da outra,
mas para aquele viajor que tentar percorrer esse caminho, irá perceber
que a lógica do trânsito de BH, não é assim tão lógica.
Não só as ruas paralelas não se
coadunam, no que diz respeito à mão de direção, como também nos restou
a impressão de que o prefeito da cidade fez algum tipo de acordo com
as distribuidoras de combustíveis, pois, quase toda rua, transversal a
Avenida Afonso Pena, é interrompida por postos de gasolina, mas calma
colegas, não é interrompida apenas uma vez, mas muitas, obrigando ao
pobre motorista a voltas e mais voltas para chegar ao seu destino.
Pensando bem, talvez seja por isso que existam tantos postos de
combustível atravancando as ruas, pois se anda muito para chegar a
qualquer lugar.
Após muitas peripécias, os intrépidos
viajantes conseguem chegar ao aconchego redentor do hotel. Malas
desfeitas, para não amassar o terno da festa, decidem almoçar e
estando em Minas nada melhor do que saborear uma excelente comidinha
mineira. Porém ainda sob o impacto da aventura da chegada, decidem,
ponderadamente, que melhor seria almoçarem no próprio hotel. Claro é,
que nunca assumiram o fato de estarem com receio de enfrentar
novamente o trânsito local, mas sim se autojustificaram dizendo que
assim seria mais fácil e lhes permitiria até uma cochilada, após o
almoço, para prepararem-se para a maratona noturna.
Preparados, arrumadinhos, deslocam-se
para o restaurante do hotel, mas então, que decepção, ao invés da
comida mineira esperada, dão de frente com um imponente e luxuoso
restaurante italiano, com direito a cantora italiana (nativa) e tudo.
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Mal refeitos da reversão de expectativa,
decidem então tomar umas cervejinhas antes de almoçar. Um elegante
"maitre", com "smoking", todo becado, os atende com deferências e
rapapés, e aí começa mais um triste episódio para o "curriculum" dos
dois. Uma cerveja puxa outra e lá pelas tantas, já íntimos do
protocolar "maitre", perguntam se não há nada para "beliscar", uns
tira-gostos, algo assim constrangido o "maitre" sugere o "couvert",
composto de pastas, "fungi" e outras iguarias italianas sofisticadas,
mas um pouco fora da pretensão mais simplória de nossos colegas, que
mais prefeririam torresminhos, lingüicinhas, etc.
Como tira-gosto pede mais cerveja,
lá seguem nossos aventureiros empapuçando-se, até que lá pelas
tantas e sob os efeitos das cervejas ingeridas, tanto psíquico,
quanto fisiologicamente falando, com a voz alterada, um deles
pergunta, para desespero do elegante serviçal, onde fica a
"casinha", faz-se um silêncio constrangedor no recinto enquanto o
pobre atendente, embaraçado, indica discretamente o local do "toilet".
Enquanto um vai à dita "casinha", o outro, já intimo convence, o
"maitre", corrompendo todo o ambiente peninsular, a conseguir-lhe
um "feijão amigo" regado com uma cachacinha da terra, isso sem
deixar de confundir um dos recipientes de pasta com o cinzeiro e
abarrotar-lhe de cinzas de cigarro.
Para sorte do infeliz "maitre", a
cerveja faz com que confundam as horas, pensando ser quatro,
quando na verdade ainda eram duas horas, decidindo então se
retirarem para o apartamento a fim de tirar um cochilo, o que foi
uma muito boa idéia para todos, principalmente para o constrangido
pessoal do restaurante.
Lá pelas sete da noite despertam já
mais refeitos, certo que com aquele gosto de cabo de guarda-chuva
na boca e preparam-se para o grande momento, afinal estavam ali
apenas e tão somente para prestigiar as núpcias do colega. Com a
experiência trazida da festa dos cinqüenta anos da Escola,
cuidaram logo de se precaver quanto ao uso exagerado de "botons" e
de abotoar corretamente o paletó, lá vão eles para a cerimônia,
realizada em um sítio algo afastado do hotel, porém munidos do
mapa fornecido pelo "maitre" do restaurante e apesar da cerveja
ingerida, ou quem sabe até devido a ela, conseguem chegar sem
maiores tropeços.
Gostaria agora de ter a experiência de um cronista social, para
descrever a exuberância da decoração, fina, discreta e de muito
bom gosto. O ambiente, aonde veio a ser realizada a cerimônia do
casamento, inteligentemente decorado com plantas ornamentais e
muitas velas, emitia uma luminescência suave, que a todos remetia
para: uma introspecção, tão importante em uma cerimônia religiosa.
Ali encontraram outro colega, o
Senna, que recuperando-se de uma forte gripe, estava indignado
porque sua esposa, também gripada, não pudera acompanhá-lo.
Diríamos que o Senna estava muito mais que indignado, estava mesmo
é na fossa. Quem diria mas o tempo, caros amigos, é o melhor
mestre, o colega estava quase aos prantos devido à ausência de sua
esposa.
Sob os acordes suaves de uma pequena
orquestra, acompanhada de um belíssimo coral, entram por fim os
nubentes. O Mattar, todo composto em um elegante terno de
risca-de-giz, seguia sério em direção ao altar, acompanhado de
sua mãe. Porém algo chamava a atenção, o altivo noivo parecia
estar com mais cabelos do que normalmente, ou se quiserem, sua
calva estava sobremodo reduzida. No entanto, não daremos espaço
aos maledicentes e debitaremos a impressão à iluminação difusa
prevalente, mas, cá entre nós, que ele estava com mais cabelos,
isso lá estava.
A noiva,
elegantemente vestida, é levada por seu pai ao altar, onde
este a entrega ao noivo sob os acordes de Johann Sebastian
Bach. O celebrante dá inicio ao cerimonial, palavras
sagradas e sábias são proferidas a todos tocando
profundamente. Os noivos trocam as promessas de amor e
respeito imorredouro e todos os presentes elevam aos céus
uma prece, rogando a Deus pela felicidade dessa nova família
que se inicia.
Terminada
a celebração religiosa, segue-se a recepção, em outro
ambiente também ricamente decorado e com uma abundância de
iguarias e bebidas, poucas vezes vista. Na recepção outro
colega de 68 é encontrado, o Acioli e sua esposa. Juntos
todos se dirigem para cumprimentar os noivos.
Emocionante e radiante estava a felicidade do casal, Eugênio
e Camila, belíssima em seu vestido de noiva, que a todos
atendiam com um sorriso contagiante. Lá os colegas puderam
transmitir aos noivos os votos de felicidades, não apenas em
nome dos presentes, mas por toda a turma de 68 ali
representada.
Desnecessário seria dizer, que nossos companheiros
continuaram a " "fonsecar", mas cremos que a descrição de todas
as presepadas seria por demais repetitiva e enfadonha.
Retomando no dia seguinte ao Rio, partiram os colegas
felizes pela felicidade do Mattar e alegres por haverem
participado de um momento tão importante na vida do amigo.
Ao final
desse relato, algo jocoso, gostaríamos, mais uma vez, de
externar em nome da turma de 68, os mais sinceros votos de
felicidades à Camila e ao Eugênio, rogando ao criador, que
este ilumine seus passos por toda a vida, bafejando-lhes
paz, prosperidade e uma vida mútua digna e profícua.
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