Uma Luz no Fim do Túnel

13/11/2005

 

Em meados dos anos 80 li uma tese sobre a economia italiana que me chamou a atenção. Como irão recordar os amigos, naquela época a política italiana se caracterizava pela extrema volatilidade. Vivendo sob um regime parlamentarista, os italianos não conseguiam manter um mesmo parlamento por períodos superiores há seis meses. Gabinetes e gabinetes se sucediam, primeiros ministros eram trocados mais rapidamente do que as "Brigadas Vermelhas" podiam colocá-los como alvos, só não deu para o Aldo Moro escapar.

 

Dentro desse cenário politicamente conturbado, algo chamava a atenção do mundo, era o ritmo constante de crescimento da economia italiana que seguia vigoroso e contínuo. Na época levantou-se a hipótese, que era o tema da tese que eu estava lendo, que em virtude das constantes turbulências políticas, mas calcada em instituições sólidas, a economia italiana seguia independente das trapalhadas de seus políticos. Como resultado, após mais de vinte anos, a Itália tem uma economia bastante desenvolvida e justa, bem como possui um cenário político senão ideal, vide Berlusconi, porém bastante melhor do que o nosso.

 

Hoje, lendo um relatório da Fundação Getúlio Vargas, recordei essa tese o que fez renascer em mim uma tênue esperança de dias melhores, por isso compartilho-a com vocês.

 

Segundo os dados da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da FGV, nem a atual crise política, nem os juros altos praticados no país, não estão influindo no nível de investimentos produtivos em novas plantas industriais, ou na aquisição de máquinas e equipamentos.

 

Das 679 empresas entrevistadas, cerca de 60% delas pretendem investir mais esse ano do que em 2004. Estimam-se investimentos diretos de aproximadamente US$ 20 bilhões, 18% a mais do que no ano passado.

 

É importante notar que o setor de bens de capital (máquinas e equipamentos), mostra uma perspectiva bastante otimista, estimando investimentos 20% superiores do que os do ano anterior. Outro dado notável é o do setor de insumos industriais (bens intermediários), projetando um crescimento de 15% nas vendas.

 

Os dados dos dois setores acima são de vital importância, pois, na medida a serem fornecedores para as indústrias, nos dão a exata medida do otimismo com que os empresários estão vendo o ano, apesar de tudo o que estamos vivendo.

 

Quem sabe não importamos o modelo de desenvolvimento econômico italiano, descolado da política. Afinal a "pizza" aprendemos a fazer tão bem, ou melhor, que eles.

 

Abel Brasil Pedro - Asp. Of. Av. R2